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Um dia para celebrar e debater

Aos olhos de uma beninense estudante da UFC, Ablavi Victoire Adjalla

 

O Dia Mundial da África marca o aniversário da assinatura dos Acordos da Organização da Unidade Africana em 25 de maio de 1963.

Esta é uma oportunidade para cada país organizar eventos para promover a aproximação entre os povos africanos. Declarado feriado em todos os estados membros da OUA, tornou-se hoje uma tradição profundamente enraizada em todos os países africanos, e representa o símbolo da luta de todo o continente pela liberdade, desenvolvimento e progresso econômico.

Esse evento não é celebrado apenas nos países africanos participante da OUA. Mas também por todos os africanos que moram fora do continente. No Brasil, os estudantes africanos se juntam numa universidade federal a cada ano para comemorar e discutir assuntos e problemas relacionados ao continente.

Este anos, se juntaram em Fortaleza, principalmente na Universidade Federal do Ceará nos dias 24, 25 e 26 de Maio. E o tema deste ano foi  “Africa Brasil : elos eternos”. “Este ano resolvemos fazer uma homenagem ao link que existe entre o Brasil e a África” contou, estudante de letras e membros da organização, Marek Abi. Embora o Brasil reconheça minimamente o papel do continente africanos na sua história, conhecimento a respeito da África ainda é muito pouco.

Por isso, os estudantes decidiram reencontrar-se com os brasileiros e quebrar alguns preconceitos através desse evento. E para fazer isso acontecer, discutiram temas que mesclam os países africanos e o Brasil. Por exemplo, as discussões sobre religiões africanas que estão também presentes no Brasil e as mulheres africanas e afro-brasileiras já que o brasil é o segundo país com mais negros no mundo depois da Nigéria.

 

Durantes esses três dias, os estudantes organizaram palestras na UFC e também nas escolas para apresentar as diversidades culturais dos diferentes países africanos e também mostrar que África não é um país, e sim, um continente de 54 países.

Abertura

Para dar início a esse evento, alguns estudantes fizeram belas apresentações de músicas em homenagem ao continente e para as mulheres africanas. Foram cantadas músicas em francês, inglês, português e em crioulo. A maioria deles cantaram suas próprias músicas, mas alguns interpretaram  “African Queen” de 2face, cantor nigeriano.

"Você é minha rainha africana, oh senhor.

Dentre um milhão você fica em primeiro

Aquela que se sobressai.

Eu olho dentro de seus olhos, garota e o que eu vejo é o paraíso

Yeah você cativou minha alma, agora todo dia eu quero você mais.

Como eu posso negar esse sentimento que estou sentindo por dentro

Ey oh ninguém nunca poderá tomar seu lugar,

Nunca poderá tomar seu espaço,

Esse é um fato que eu não posso apagar"

- 2face

Tranças

No dia 24, a partir de 4h da tarde, foi realizada uma oficina de trança “les nattes” para os interessados. Foi uma forma de mostrar uma parte da nossa cultura, nossos hábitos, costumes e realidades.

Na maioria dos países africanos, as tranças são mais do que um penteado. Essa arte é passada de mãe para filhas desde os tempos antigos. Elas têm um simbolismo de vida, morte, casamento e celebração. Na época em que as tranças surgiram, elas eram o caminho para sublimar o cabelo crespo de mulheres negras. Nos dias de hoje, são símbolo de estilo, mas para mim são mais do que isso. Fazem parte de mim. Da minha cultura. Por isso, mesmo estando longe do meu país, continuo a fazê-las. 

O evento

No dia seguinte, foi realizada uma oficina de danças de diferentes países: “korri”, “Mama Africa” da Nigéria e Kizomba de Cabo Verde e Angola. Essa foi uma das partes mais divertida dos três dias. Todos os participantes dançaram muito. O estudante brasileiro de 22 anos, Marcos, sempre foi admirador da cultura africana e participou da oficina de dança, ele afirma ter ficado impressionado de conhecer alguns ritmos.

“A música, a ginga e a alegria dos africanos é tão contagiante. Foi impossível ficar parado, difícil mesmo é acompanhar eles”

Nessa mesma tarde, os jovens  desfilaram com roupas feitas de panos tipicamente africanos. Nessa apresentação, é perceptível a presença de alguns brasileiros também desfilando com os trajes típicos. Este ato é uma maneira de mostrar a importância da troca cultural.  

E, no último dia, depois de todas as apresentações, chegou o momento de apresentar e degustar alguns pratos típicos de alguns países como:  Benim, Togo, Cabo Verde, Guiné Bissau, Gana, São tomé e príncipe e Congo.

No Benim e no Togo, nós comemos vários pratos feitos com farinha de trigo e não é comum comer arroz todos os dias. O nosso couscous é muito diferente do cuscus daqui e custa caro fazer igual.

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