Etnias
Lamine
O francês que não quer ir embora
“Eu também podia ir pra Porto Alegre ou Campinas, mas decidi Fortaleza porque tava no Nordeste, então sabia que seria mais quente. Pensei também que o Sul seria mais parecido com a Europa, mas eu queria ver uma coisa diferente. Por isso escolhi Fortaleza.”
Estes foram alguns dos motivos que trouxeram o francês Lamine Seck, de 20 anos, ao Brasil.
Ele conta que se sentiu muito bem acolhido pelos brasileiros, começando pelo Programa de Apoio ao Intercambista da UFC. Mais conhecido como PAI, o programa é responsável por receber e ajudar os estudantes internacionais que chegam na UFC. “Eu tive duas madrinhas, elas me acolheram no aeroporto muito bem. Também foram elas que me deram os contatos para encontrar um lugar pra morar.”
Os colegas e amigos da faculdade também o receberam muito bem, tanto que Lamine afirma não lembrar de nenhum momento em que se sentiu discriminado. Mas ele acredita que, sabendo que ele é estrangeiro, as pessoas mudam sua forma de tratamento “Quando você parece alguém de fora tu sabe que as pessoas te olham, mas isso é em todo lugar. Não recebi tratamento ruim de ninguém.”
A adaptação de Lamine não foi muito complicada. Morar longe da família não é exatamente uma novidade para ele, que se mudou da casa dos pais para frequentar a Universidade de Bordeaux Montaigne. Sua maior dificuldade no começo foi o português, língua que ele já estuda há cinco anos.
“Eu estudei mas nunca realmente pratiquei sabe? Fui uma vez para Portugal por uma semana e depois só voltei a praticar na aula, mas só na universidade não é o suficiente para falar bem.”
67 425 000 habitantes
21ª posição no ranking do IDH
Capital: Paris
Língua Oficial: Francês
Além da falta de prática com a língua, o sotaque também foi uma barreira para ele que estudou em parte o português de Portugal. Isso dificultou um pouco sua compreensão, mas cerca de dois meses depois já compreendia grande parte do que todos diziam. Recentemente ele tentou acompanhar um jogo de futebol pela televisão portuguesa, mas não conseguiu por causa da diferença dos sotaques.
Lamine relembra a primeira vez que pegou um ônibus “Eu não sabia que tinha que levantar o braço, então o ônibus passou na minha frente. Depois eu perguntei “Por que não parou?” aí me disseram que tinha que levantar o braço.” O modo de conduzir dos motoristas brasileiros também foi algo que ele precisou se acostumar. “Eles conduzem muito forte sabe? Eu não caí, mas quase.”
França
A saudade de casa é um elemento que, segundo ele, não é tão forte. Lamine se considera uma pessoa de adaptação rápida e está sempre em contato com a família, além de ter trazido algumas lembranças de casa. Ele diz não ter saudade da França em si, mas sim das pessoas, especialmente da família e da comida da mãe. Também diz não sentir necessidade de relembrar a cultura francesa o tempo todo.
“Minha cultura tá comigo, é a maneira que eu vivo sabe? Meu ritmo de vida.”
Lamine trabalhou para juntar dinheiro antes de iniciar o intercâmbio para não precisar pedir a ajuda dos pais, que ficaram felizes pela oportunidade que o filho teria. O que eles não esperavam era que o filho estenderia o intercâmbio por mais seis meses. “No começo era pra ser só um semestre, mas no momento que eu quis ficar mais, liguei pra eles e falei “Acho que eu vou ficar mais tempo”. Tô gostando.”