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Eduin

O colombiano que se conheceu

O email de aceitação para o mestrado em Letras na UFC caiu na caixa de spam do colombiano, Eduin Barrerra. Candidato à uma bolsa no Programa de Alianças para a Educação e a Capacitação (PAEC), da Organização dos Estados Americanos (OEA), Eduin chegou quase 2 meses atrasado no Brasil e não teve tempo de se organizar. Ele pulou no avião, trazendo quase nada de seu país, e veio morar em Fortaleza.

 

Ele só teve tempo de procurar um lugar para morar quando chegou na cidade. Se alojou em um hostel e começou a procurar repúblicas. Ao chegar na Universidade Federal do Ceará para entregar seus documentos, ele foi acolhido pelo recebido pelo Programa de Apoio ao Intercambista (PAI) e através desse contato ele conseguiu uma vaga numa república.

 

Por causa do grande número de pessoas e do movimento sempre muito intenso, Eduin não demorou a sair da república e procurar um apartamento individual para morar. “Quando uma pessoa quer estudar, outras vão fazer festa ou namorar”, explica ele.

 

Antes de vir para Fortaleza, Eduin morou um tempo no Rio de Janeiro. Ele trabalhava para a  organização não governamental AIESEC, que trabalha com o desenvolvimento pessoal e profissional de jovens estudantes através de programas de trabalho em equipe, liderança e intercâmbio. E foi durante essa experiência que ele aprendeu a falar o português da rua e teve seu primeiro contato com os brasileiros.

Ao chegar na universidade, ele se deparou com problemas com o português acadêmico. “O primeiro semestre foi muito difícil, demorou para que eu me acostumasse com a parte escrita, ler textos grandes”, conta ele.  O fato de falar o espanhol ajudou um pouco, mas também atrapalhou, porque segundo ele, as línguas são muito parecidas e ao mesmo tempo certas coisas são completamente diferentes. “Foi difícil, mas eu gostei muito de aprender o português, é uma língua muito musical”.

Aqui, quando eu pego alguém para dançar, a pessoa já pensa que é outra coisa, mas não é. Eu só quero dançar

Quando Eduin era criança, sua mãe trabalhava muito, e ele teve que aprender a se virar sozinho para cozinhar. Segundo ele, a base da comida do Brasil lembra muito a comida do seu país. Ele só estranha o hábito de comer arroz e feijão todos os dias e as misturas que as pessoas fazem no prato. “Se a gente come macarrão, o acompanhamento é só a carne. Aqui coloca macarrão, carne, arroz, farofa, tudo que tem”.

A forma encontrada por ele de se conectar com sua cultura é escutando música e dançando salsa, merengue e reggaeton. Ele diz sentir muita falta das festas do seu país, por causa do costume de escolher uma pessoa aleatória e dançar bem junto com ela à noite inteira.

48 747 632 habitantes

79ª posição no ranking do IDH

Capital: Bogotá

Língua Oficial: Espanhol

Colômbia

Ele conta que esse tempo num país diferente foi muito importante para ele se conhecer. Como não estava trabalhando e tinha como responsabilidade apenas estudar, ele pôde refletir sobre sua vida.

 

Se Eduin pudesse escolher alguma coisa para levar com ele para a Colômbia, escolheria o seu cachorro da raça Sharpei, Bonnie.

O que chocou muito Eduin quando chegou aqui foram os contrastes sociais. Condomínios luxuosos ao lado de favelas. Pessoas dirigindo carros da Mercedes ou da Ferrari, e pessoas pedindo dinheiro na rua. “Acho que em todos os lugares no mundo existem desigualdades sociais, na Colômbia tem e muito, mas foi muito estranho pra mim ver realidades tão diferentes e tão próximas”, conta ele.

Prestes a defender sua dissertação de mestrado e voltar para a Colômbia, Edui diz que sentirá saudades da informalidade da vida que tem aqui no Brasil. "“ Aqui, eu tenho mais liberdade. Eu posso sair e anda na rua com chinelo. No país não é assim, a gente não usa chinelo para sair”. 

Cachorro do Eduin 

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